sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A corporativíssima trindade humana

Artigo  de Dany MacNeed publicado no jornal DCI - Panorama Brasil

Ser chefe é ser durão? É ser frio, difícil e intransigente?
E ser colaborador? É ter que bater cartão, baixar a cabeça, manter a roda girando pra não perder o emprego?
E ser cliente então? É estar sempre certo, receber recepções calorosas, sorrisos e braços abertos por onde passar, tapete vermelho, desconto e não aceitar erros?

Tudo isso é verdade em alguns níveis de entendimento, mas esqueça por um tempo que, contrariando nossos desejos inconfessáveis, o mundo resolve não girar em torno de nossos umbigos, e vamos analisar essa "corporativíssima trindade humana" CHEFE - COLABORADOR - CLIENTE.

Quebrando um dentre muitos paradigmas que permeiam as realidades que inventamos pra nós mesmos só para termos mais segurança, vamos pensar por um instante quem é quem nesse triângulo social.

Se você der um quarto de volta e puder enxergar outras realidades, pelos olhos de outra pessoa, poderá ver que pra ela ser chefe é ter que bater o cartão na empresa todos os dias, muitas vezes antes de todo mundo, não faltar, não ficar doente, baixar a cabeça para não perder o cliente e manter a roda girando pra não perder a própria empresa.

Ser colaborador é ter garantias, férias, bonificações, ter profissionais de RH lhe estendendo o tapete vermelho, oferecendo benefícios, cursos de aperfeiçoamento e não aceitar erros da empresa nem o mínimo deslize ou atraso.

Ainda enxergando pela mesma realidade que estava ao seu lado, poderá perceber que para muitos, ser cliente é ser frio, difícil, durão e intransigente com os que o atendem.

Vire mais uma vez e vai encontrar uma faceta do triângulo agora com mais uma percepção diferente: onde o "ser chefe" é estar sempre certo, é receber recepções calorosas e sorrisos abertos, gente se curvando enquanto ele desfila por um impecável e cintilante tapete vermelho.

Nesse aspecto ser colaborador é ser frio com os colegas, difícil com os coordenadores e intransigente com o departamento de RH. E por fim, ser cliente nessa ótica, muitas vezes é ter que baixar a cabeça, aceitar um tratamento nada acolhedor, mofar em filas gigantescas e ainda ter que agradecer por ter sido ao menos atendido.

Você já parou pra pensar sob qual destes ângulos você encara o seu mundo?

E já parou pra perceber que existem muitas outras realidades além das que você escolheu pra acreditar? Pois eu ainda vou te contar mais uma: todos nós somos CHEFES, COLABORADORES e CLIENTES ao mesmo tempo, basta mudar o contexto.

Muitos chefes agem como colaboradores quando o cliente da empresa é quem comanda.

Esses mesmos chefes precisam tratar seus colaboradores como clientes, pois eles também precisam ser bem cuidados, bem direcionados e atendidos pela empresa onde trabalham.
Se nós todos, em algum momento, na empresa, na rua ou em casa, passamos pelos 3 ápices, sejamos mais flexíveis em nosso dia-a-dia.

Lembre-se que vai chegar uma determinada hora do dia que seremos o chefe e chegará também a vez de saber acompanhar ao invés de liderar. Com essa flexibilidade e compreensão, com certeza, encontraremos muito mais oportunidades de abrir um sorriso e os braços uns para os outros.

*O autor é Diretor Executivo da MacNeed´s Propaganda Campinas, agência campineira que atua no mercado há 17 anos.